Pink Floyd e o corte final


Alguns álbuns são injustiçados , talvez por causa da expectativa ou por simplesmente não conseguirem superar seus antecessores , isso aconteceu com Michael Jackson no álbum Bad , mas o defeito de Bad é porque ele é simplesmente uma hipérbole da obra-prima Thriller , erro comum de bandas ou artistas que ao invés de procurarem um som novo para compor , optam pelo óbvio e acabam fazendo um álbum mais do mesmo.Isso não aconteceu com Pink Floyd , o sucesso estrondoso de The Wall acabou gerando um monstro chamado de expectativa , todo mundo estava sedento por musicas novas do grupo , mas a arrogância de Roger Waters acabou falando mais alto , ele era uma das principais  mentes criativas por trás banda , todas as musicas tinha sua assinatura .

Lançado precocemente , The Final Cut a primeira vista soa como uma sobra do The Wall , musicas que foram rejeitadas já que não caberiam no álbum , mas o trabalho de Waters é um reflexo da Inglaterra naquele tempo - repleto de canções tristes que condenavam e criticavam o governo britânico , o álbum também é uma homenagem melancólica e suicida ao pai de Waters , Eric Fletcher Waters , no qual o cantor fala abertamente sobre guerra e perda .Ate mesmo a capa do álbum é uma homenagem , com suas condecorações  militares , as distinções são quatro. A maior, branca com listras roxas inclinadas é ganha por atos de coragem e valor em combatentes aéreos. A dourada (com listras preta, vermelha e azul) bem como a verde (com listras preta e vermelha) são ganhas por tempo de serviço. A outra dourada (com listras vermelha, azul e preta) é ganha por serviços prestados na África. São todas medalhas da Segunda Guerra Mundial.

Longe de ter canções empolgantes , exceto por Not Now John ( a única faixa que David Gilmour canta) o álbum é permeado de canções tristes e melancólicas que refletem o estado em que o terreno britânico se passava em meados dos anos 80 , não é a toa que nesse cenário surgiram inúmeras bandas undergrounds que tinham um pegada mais sóbria em sua sonoridade. Notas de piano substituem os teclados , sendo que na época Waters estava brigado com o tecladista Richard Wright , alegando que a banda estava com o núcleo criativo comprometido , então , varias canções são criticas ao posicionamento do governo em relação a guerra das Malvinas , que condenam a postura de Margaret Thatcher e Ronald Reagan .

O álbum abre com The Post War Dream , a letra fala sobre o sonho de Waters  sobre um mundo pós guerra onde a paz reina e é quebrada devido ao conflito nas Malvinas , e retoma mais uma vez o uso de sons diegeticos para compor a música como por exemplo com o uso de efeitos de carros e aquele barulhinho especifico de estações de rádios sendo passadas. Para aqueles que talvez estivessem esperando um álbum com longos solos de guitarras e  musicas atmosféricas , possam se sentir decepcionados , mas isso é algo que considero positivo , o compositor está procurando por uma sonoridade diferente , é a evolução natural de qualquer artista em que não está preocupado em superar a qualidade de seu álbum interior e sim fazer algo diferente , ate a duração das musicas difere dos trabalhos anteriores , nada de musicas de 10 minutos , canções de 3 a 5 minutos repletas de raiva e angustia que ganham vida graças a voz irônica e aguda e Waters .

Dentre as minhas musicas favoritas estão :
5-    The Gunners Dream
8-   The Fletcher Memorial Home
10- The Final Cut
11- Not Now John
12- Two Suns In The Sunset

Longe de ser um álbum ruim , mas também aquém das expectativas , The Final Cut é um álbum subestimado , fruto de um período turbulento de uma das maiores bandas do cenário musical do anos 70 , pode não ser tão bom quanto seus antecessores , mas com certeza vale a pena ser conferido pelos fãs do grupo.

Pink Floyd- The Final Cut 4/5 estrelas

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