Mad Max : Estrada Da Fúria - Crítica


É incrível a capacidade de um filme que cercado de noticias negativas como problemas na produção , refilmagens ,troca de locação , e atritos entre os atores principais , possa surpreender o publico , algo que ate se torna positivo para a experiência cinematográfica , sendo que sempre falo , é um erro criar expectativas para assistir qualquer filme , e mesmo com a enxurrada de  criticas positivas sobre o mais novo filme de George Miller , tentei não me empolgar muito para não me decepcionar , porem , foram necessários 10 minutos de projeção para que o hype fosse elevado a enésima potencia , o fato é que há tempos  um filme de ação tão bom assim não era lançado .O novo Mad Max não é um reboot , e nem prequel , é algo entre releitura e continuação de um universo criado a 36 anos atrás e que serviu de referencia para inúmeros filmes pós apocalípticos e que ainda dá um banho em criatividade e riqueza de detalhes em muitos filmes atuais , ate porque , vivemos em uma era de adaptações e continuações , Mad Max é filme mais do que bem vindo ao cenário atual.


A história é bem simples , e isso mostra a habilidade de Miller para desenvolver um filme de ação de 2 horas com um fiapo de história , o mundo se tornou um caos e a água e gasolina viraram ouro devido suas escassez , Max (Tom Hardy) de cara é aprisionado e mantido vivo apenas para servir de bolsa de sangue para a gangue de Immortan Joe (Hugh Keays Byrne) , então em uma missão para saquear combustível de uma vila próxima , Furiosa( Charlize Theron) aproveita a deixa para libertar jovens moças que serviam apenas para procriar os filhos de Immortan Joe. Apesar  de ser uma história nada complexa, o filme conta com um universo riquíssimo que pega todos os elementos dos filmes anteriores e ainda consegue expandir os horizontes , temos os mutantes do terceiro filme , as gangues do segundo , e um visual muito mais elaborado que mostra o quanto é sofrido viver naquele mundo , Toda a cultura que eles tem são um resquício do que o nosso mundo atual já foi , então não é de se estranhar que a água seja chamada de Aqua Cola ou que um grupo de mulheres seja referido como o grupo das Vuvalinas. O filme em si se resume a uma extensa perseguição de 2 horas que na mão de qualquer diretor sem habilidade se tornaria maçante , e Miller consegue desenvolver cenas de colisões e velocidade em alta octanagem que são muito bem orquestradas e ensaiadas , isso com uma montagem e edição frenética  que jamais permite que o espectador não entenda o que está acontecendo em tela , toda a geografia das cenas de ação são de fácil entendimento , sabemos onde estão os personagens , para aonde eles vão , e o mais importante , nos importamos com os as pessoas que estão lá , cada perda é sentida e quase toda cena de ação tem uma consequência , regras como essas que anulam qualquer filme que foi lançado recentemente  , isso mostra o quanto estamos mal acostumados com o cinema atual , com diretores que infelizmente parecem estar seguindo a escola Michael Bay  de filmes de ação.


Muitos talvez reclamem alegando que o filme não tem historia , que é vazio , mas o que Miller faz é contar uma historia sem ser didático  (Desculpa Nolan) , ele apenas ilustra a situação para que o publico interprete o que esta acontecendo , por exemplo , logo no inicio descobrimos que existe uma doença entre os habitantes de Cidadela , e que para sobreviver a ela são necessárias  transfusões  sanguíneas , isso sem contar com a critica ao consumismo e ao culto fanático por uma religião absurda .Além disso , um dos vários acertos do filme é optar por efeitos práticos ao invés de CGI , claro que temos computação gráfica , mas serve apenas para complementar algumas cenas como criar um montanha com desenho de caveira que possui cachoeiras acionadas por alavancas e ainda utilizar o cinemascope como ferramenta narrativa como no momento em que vemos o comboio de Immortan Joe no horizonte servindo como ampulheta para a crescente ameaça que esta por vir . E mais uma vez tenho que ressaltar a parte técnica do filme que é excelente desde a fotografia que ousa nos tons laranja e azul aos figurinos e maquiagens elaborados para um mundo envelhecido e enferrujado. A trilha sonora de Junkie XL mostra que o DJ aprendeu bastante quando trabalhou com Hans Zimmer , apesar de não gostar do excesso de instrumentos de percussão a música cai como uma luva para compor a sinfonia do apocalipse juntamente com um guitarrista maluco em cima de um trio elétrico do inferno .

Tom Hardy que tem a tarefa de substituir o carismático Mel Gibson que infelizmente se tornou em um racista antissemita espancador de mulheres  , se sai muito bem conseguindo fazer as caretas de louco , um trabalho menos exagerado do que no filme Bronson. E Charlize Theron que sempre busca por papeis desafiadores consegue passar toda a determinação e angustia para o rosto da Imperator Furiosa e que mostra como se deve desenvolver uma personagem feminina no cinema , nada de mulher machona , Furiosa tem medo e também fica triste , mas ela é focada , em tempos que filmes como 50 tons de Cinza fazem sucesso , é incrível como um filme que tinha tudo para ser machista consegue se mostrar feminista sem ofender o publico masculino ou feminino.

Mad Max é uma injeção de adrenalina no cinema hollywoodiano, um filme de ação que à tempos não se via telonas , duvido muito que alguém consiga repetir o feito esse ano , pode vir Star Wars , ou qualquer outro filme da Marvel , Estrada da Fúria é o filme da década .

(Mad Max Estrada da Fúria 5/5 estrelas Neo Clássico)

0 comentários: