Uncharted 4: A Thief's End - Crítica


Finalmente a espera acabou, após vários adiamentos e atrasos Uncharted 4 chega aos mercados brasileiros para o deleite dos gamers de plantão - isso com todo o hype que foi criado a cada novo gameplay que era liberado, afinal, os mesmos realizadores do excelente The Last Of Us estariam envolvidos na direção do jogo. Claro que as comparações seriam inevitáveis, porem desconexas, são dois jogos com propostas diferentes, seria injusto compara-los, é como se alguém perguntasse: Qual é melhor, laranja ou banana?

Seguindo a estrutura estabelecida nos jogos anteriores (ou a de qualquer filme do Indiana Jones) Uncharted 4 já começa atirando o jogador no meio da ação em alto mar ao colocar o protagonista Nathan Drake (Nolan North) pilotando um barco para fugir do exército privado de Nadine Ross (Laura Baile) e do ladrão Rafe Adler (Warren Kole) , isso serve para compensar os primeiros capítulos que não tem pressa para desenvolver os personagens que vamos acompanhar , algo que os diretores Neil Druckman e Bruce Straley aprenderam com TLOU ; é um elemento essencial para qualquer história de aventura , temos que nos importar com com as pessoas em tela ,só que para isso temos que conheça-las primeiro. Três anos após os eventos de Uncharted 3 , a história mostra o velho aventureiro Drake levando uma vida normal e cotidiana com sua esposa Elena (Emily Rose), as coisas mudam de rumo quando o então falecido irmão de Drake , Sam (Troy Baker) volta dos mortos e pede ajuda de Nathan para que não seja morto , já que ficou com uma dívida após fugir da prisão ; sua missão não é nada mais do que achar o tesouro perdido de Henry Avery , sendo que no passado eles já tinham tentado procurar tal fortuna .Feliz com a volta de Sam , Drake se vê forçado a voltar ao mundo dos ladrões para salvar seu irmão e também descobrir uma fortuna inestimável. Se aproveitando de uma premissa simples , Uncharted 4 diminui a escala das cenas de ação colocando elas apenas em momentos mais adequados a história , ao contrário do jogo anterior que exagerava demais ao incluir sequencias sem propósito narrativo nenhum - claro que não tem nenhuma cena tão explosiva quanto aquela do avião no deserto , porem todo o clímax em Madagascar que inclui um puzzle bem intuitivo de se revolver até o tiroteio na feira que culmina em uma perseguição de motos e carros que é eletrizante.




Pena que algumas decisões dos roteiristas acabam enfraquecendo a trama como o fato de Drake querer ocultar a história de Sam para Elena, a explicação do jogo para isso é simplesmente mostra-lo com receio ou medo da reação da esposa, algo sem lógica alguma, Drake já enfrentou capangas, mercenários e magias ancestrais, por que não enfrentar sua esposa ?! E ainda , para completar , o jogo está repleto de momentos deus ex machina , toda vez que Drake está prestes a morrer alguém magicamente aparece para salva-lo.Os vilões à primeira vista são interessantes , mas infelizmente são desperdiçados , a conclusão de Nadine por exemplo é decepcionante , ela não morre e nem consegue o tesouro , ela só foge da situação nem sendo mencionada depois , sendo que Drake e Sam mataram um monte de pessoas de seu exército , ela teria vários motivos para querer mata-los.E o Rafe ?! Se durante todo o jogo ele é mostrado como alguém rico e confiante, no acréscimo do segundo tempo os roteiristas decidem que ele é inseguro e nutre um ódio interminável por Drake por ele ter feito mais descobertas arqueológicas que ele.Contando com um terceiro ato que acaba se estendendo além do conta, Druckmann e Straley parecem que não sabem a hora de terminar o jogo, se certificando de fechar todas as pontas para que não haja continuações. Isso sem contar com o maçante episódio ambientado na Escócia que contém várias lugares para escalar, escalar e escalar. Pontos como esses poderiam ser relevados em outros jogos, mas não com uma franquia de peso como Uncharted.




No quesito técnico , a grande novidade do jogo agora é a adição de veículos , agora podemos dirigir carros e pilotar barcos em determinadas partes do jogo , isso contando com a riqueza de detalhes que só a Naughty Dog faria , é possível ver os vários terrenos em que o jipe do Drake tem que andar , é mata , lama , terreno rochoso e até rios , elementos que com certeza os desenvolvedores queriam ter colocado nos jogos anteriores , mas devido a limitação de hardware da época não era possível - não com o PS4 , com o novo console podemos apreciar o nível realista de renderização dos personagens , cheios de vida , a tecnologia de expressão facial atinge um patamar novo no mundo dos games  , é possível ver Drake mordendo os lábios ou até ver seus músculos reagindo em cenas de pancadaria .A direção de arte é algo que também deve ser ressaltado , desde a escolha da paleta de cores que não tem medo de colocar tonalidades mais vibrantes aos cenários repletos de elementos em cena que tornam os ambientes muitos mais vivos , nos fazendo realmente acreditar que estamos viajando pelo mundo e também pegando algo emprestado de TLOU , como por exemplo alguns cenários que passam a ideia de pessoas viveram ali apenas com alguns objetos de cena . Outro detalhe interessante é o trabalho de envelhecimento dos personagens, aqui temos a oportunidade de controlar Drake na sua fase criança, adultos e velho sendo possível ver rugas, linhas de expressão, barba por fazer e sinais de calvície.




Claro que nem todas as adições funcionam muito bem, o fato de você poder escolher alguns diálogos nas cutscenes não influencia em nada no gameplay soando mais como uma distração, além serem jogadas em momentos esporádicos do jogo, tem hora que você até esquece do recurso. Outra adição é a corda de rapel, algo muito divertido diga se de passagem, mas reconheço que fiquei incomodado com o fato dela voltar sozinha para o meu cinto. Porém, o sistema de tiro melhorou bastante, se antes as armas pareciam ser leves demais, agora é possível sentir o recuo da arma assim que são disparadas, e pasmem, elas ficam até sujas dependendo do lugar em que você está.


Dessa vez o compositor Henry Jackman é responsável pela trilha sonora do jogo ,e o resultado é excelente , substituindo Greg Edmonson que trabalhou nas edições anteriores ; ele tem noção que a aventura é situada em florestas tropicais ,e Jackman abusa de flautas e instrumentos de percussão para ambientar o jogador , isso sem contar com as músicas contemplativas que servem apenas para ressaltar a beleza dos cenários que você está pisando criando uma atmosfera de suspense que algo grandioso aconteceu ali , ou está acontecendo .Obviamente alguns vão sentir falta do icônico tema da série , e Jackman não esquece disso ao pontuar os famosos acordes de maneira econômica para dar aquele gostinho de nostalgia .

No final das contas Uncharted 4 é com certeza melhor que seus antecessores, mas que talvez tenha sido vítima da expectativa que foi criada em cima de seu lançamento, mesmo assim é um título obrigatório para qualquer um que tenha um PS4 em casa; pode até ter algumas coisas que desagradem na história, entretanto, é um jogo que se tornará referência no mercado do games graças ao nível técnico alcançando pela talentosa equipe da Naugthy Dog.

 Uncharted 4 Ps4 - 4.5/5 estrelas

Um comentário:

  1. Esse jogo está longe de ser um clássico. Apesar do primor técnico, Uncharted 4 é apenas um compilado de tudo o que deu certo nos tres episódios anteriores.

    É um misto de conformismo da produtora com o medo de sair dos parametros e não agradar o publico, afinal esse é o Super Mario World (seller system) do Playstation 4.

    Ainda bem que eles tem bom senso na hora de saber parar...

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