Na história acompanhamos um grupo de astronautas que colhiam amostras do terreno de Marte quando são surpreendidos por uma tempestade de areia no qual são forçados a abortar a missão, mas infelizmente no meio da tempestade um astronauta fica para trás. Abandonado e com poucos recursos, o botânico Mark Watney tem que se adaptar e improvisar para sobreviver tempo suficiente ate que o grupo de resgate venha busca-lo. Perdido em Marte é de longe o filme mais divertido de Scott em anos, é muito satisfatório ver um diretor veterano mostrando que sabe muito bem conduzir um filme que tinha tudo para ser monótono, e isso se deve ao apurado trabalho de direção de atores , algo curioso já que Scott nunca foi muito de orientar os atores , sempre deixando eles livres para improvisar e é aqui que Matt Damon brilha ao compor o astronauta Watney como uma pessoa bem humorada e perseverante, tornando-o mais humano possível, facilitando assim a identidade visual. Todo o elenco do filme está impecável , desde Jessica Chastain( Sempre ótima ) a Jeff Daniels que encarna o diretor da Nasa de maneira fria e pragmática , sem torna-lo em uma caricatura de vilão , sempre preocupado com a imagem pública da Nasa e com os futuros projetos, afinal, vale a pena sacrificar cinco vidas para salvar uma ?! E o que falar de Chiwetel Ejiofor , dono de um rosto expressivo e repleto de bondade.
O roteiro do filme consegue adaptar de maneira eficiente o conto de Andy Weir, que se concentra mais na luta do personagem para sobreviver do que nas inúmeras explicações científicas que poderiam ter sabotado o filme, mas felizmente acabam melhorando a história e ainda sendo utilizadas como recurso narrativo, como a cada vez que surge um problema novo para Watney e seus colegas astronautas solucionarem, lembrando bastante o fabuloso Apollo 13 misturado com 127 horas e Naufrago. Mas quando surge a oportunidade de falar sobre religião, Scott se mantém neutro como é evidenciado no dialogo entre os personagens de Sean Bean e Ejiofor quando um deles pergunta se ele acredita em Deus, e o outro responde : Meu pai era hindu e minha mãe era protestante, então acredito em vários deuses, nada comparado ao discurso corajoso do cruel filme de Joe Carnahan que também é de sobrevivência em ambientes extremos , o pessimista A Perseguição .
Scott sempre usou o efeitos visuais com sabedoria, e em Perdido em Marte ele repete um trabalho parecido com o trabalho técnico de Prometheus ao usar nossa atmosfera para criar outro planeta com o auxilio da computação gráfica para preencher as planícies marcianas com suas montanhas vermelhas, que ganha camadas de imersão graças ao ótimo uso do 3D que mais uma vez também é utilizado para contar a história ao mostrar a insignificância do ser humano diante da imensidão do espaço sideral e do planeta Marte. O excelente uso da fotografia digital garante uma imagem nítida , já que o filme foi registrado com qualidade 6k, o que serve para estabelecer de vez a fotografia digital como um novo parâmetro a ser seguido. A trilha sonora de Harry Gregson Williams consegue criar a atmosfera estelar e até futurista se assemelhando ao trabalho de Jack Wall na serie de jogos Mass-Effect.
Divertido e empolgante , Perdido em Marte é um filme muito bem executado por Ridley Scott , um grande retorno ao gênero que marcou o diretor em seu inicio de carreira , espero que seja o suficiente para quebrar a maldição da bilheteria e que Scott continue a fazer bons filmes daqui para frente, ate porque, chega desses filmes medievais de época.
Perdido em Marte (4.5/5 estrelas)
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