Se não que quiser saber detalhes importantes da trama do filme , não leia esse texto.
Depois de 50 anos nas telonas e 24 filmes, fica difícil inovar uma franquia que estabeleceu o jeito como a espionagem é glamorizada no cinema, após Goldfinger os filmes de James Bond teriam uma fórmula a seguir , talvez seja por isso que os melhores filmes sejam aqueles que possuem uma estrutura atípica , como Cassino Royale , A Serviço Secreto de Sua Majestade , From Rússia With Love. Então depois do elogiado Skyfall , Sam Mendes retorna a cadeira de diretor , algo que já não acontecia desde 007 Permissão Para Matar , desde então os diretores sempre mudavam de um filme para outro , pena que dessa vez Mendes não parece estar com o mesmo pique que estava quando dirigiu Skyfall , já que Spectre é o filme mais longo da franquia, tanto em duração quanto em ritmo .
Após investigar o paradeiro de um tal ''rei pálido '' as coisas não saem como esperado e mais uma vez a credibilidade do programa 00 é colocada em risco devido as ações de James Bond , e assim , mesmo sem autorização , Bond decide investigar a sinistra organização secreta Spectre e ainda impedir a dissolução da MI6, mas no caminho não vão faltar capangas , musas e vilões para dificultar o caminho do nosso herói .Em um ano repleto de filmes de espionagem não é de espantar que as tramas de alguns filmes se assemelhem , até porque a premissa de Spectre é bastante parecida com a do ótimo Missão Impossível : Nação Secreta , mais uma vez temos a falta de suporte da agencia , o personagem investigando a situação por conta própria , mas ainda contando com o auxilio de seus amigos de trabalho.Pena que faltou a competência de uma direção mais coesa , não que Spectre seja um filme ruim, longe disso , é um presente para qualquer fã da série , repleto de easter eggs e referências aos filmes anteriores, entretanto o filme perca um pouco da seriedade em algumas cenas cruciais com a inclusão de piadas deslocadas e também pela falta de cenas de ação mais criativas, a maioria delas se resumem a perseguições em veículos grandes , até o novo Aston Martin DB10 é desperdiçado em uma tediosa perseguição em Roma.
Se em Skyfall a escalação de atores era excelente , aqui o potencial do elenco é desperdiçado devido ao pouco tempo em tela que Christoph Waltz tem , já que o vilão só aparece na trama no final do segundo ato ,sua escalação alias é previsível , é tipo escalar Stellan Skarsgard ou Christopher Walken para interpretar um vilão , tem escolha mais óbvia ?! E a Monica Belluci , tadinha , é apenas uma ponta de luxo .Mas pelo menos temos Daniel Craig bem confortável e carismático no papel principal , e Léa Seydoux que leva o papel de bondgirl com facilidade e elegância devido sua beleza francesa , o restante do elenco se sai bem , sem nenhum grande destaque.No aspecto técnico não tem do que reclamar , tudo é belíssimo , com locações que brincam com cenários futurísticos em lugares isolados e exóticos como a base do vilão no meio de uma cratera no deserto , um aspecto recorrente na franquia , e para melhorar , o vilão ainda convida James para um drink enquanto revela parte de seu plano maligno , e para quê matar Bond sendo que podemos tortura-lo em alguma engenhoca tecnológica, para que logo após ele possa fugir ?!Por mais que seja algo clichê na cine-serie, essa cena acaba funcionando já que o vilão quer ver Bond sofrendo na frente de sua amada antes de morrer . Outro elemento icônico é a do capanga que possui alguma característica na hora de matar suas vitimas , que aqui é interpretado por Dave Bautista que tem unhas de metal (lembram do Jaws ?!) , mas que também é desperdiçado se resumindo à um simples brutamontes que protagoniza a cena de luta mais interessante no filme , que é filmada de maneira preguiçosa com planos fechados e cortes rápidos que dificultam o entendimento da luta , nem de longe tem o charme daquela cena em Shangai do episódio anterior.
A escolha de Sam Smith na minha opinião foi um erro , já que a canção Writing On The Wall é uma das mais fracas composições já escritas para a franquia , isso contando com a pouca inspirada cena de créditos inicias que é apenas um mashup das cenas do filmes anteriores , nem se compara com a introdução de Cassino Royale que além de ter a empolgante You Know My Name brincava com as cenas de luta e ainda mergulhava nas cartas de baralho já deixando o publico pronto para a aventura que estava por vir .Thomas Newman também erra ao utilizar os temas compostos em Skyfall mais uma vez , mesmo que aqui e ali ainda tenha aquele brilhantismo de sua carreira ao criar músicas mais melancólicas. A fotografia de Hoyte Von Hoytema é competente , seguindo a mesma lógica visual de Skyfall , mas se comparada ao trabalho de Roger Deakins (lenda viva.) é inferior .
O excesso de reviravoltas no terceiro ato acabam inflando um filme que já é longo , e ainda por cima são previsíveis , logo na cena em que Christoph Waltz surge com um terno safári pensei imediatamente : e ai Blofeld . Porém todo a sequência do deserto é maravilhosa , desde a tensão que é construida ate a já citada cena da tortura , um deleite para qualquer fã de 007 que me lembra até as aventuras de Sean Connery no filmes iniciais .
Mesmo com seus defeitos , Spectre ainda sai com um saldo positivo , sendo um desfecho satisfatório para a era Craig , resta saber agora quem vai encarnar o agente secreto mais famoso das telonas.
(007 Contra Spectre 3.5/5 estrelas)
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