Em Ritmo De Fuga- Crítica


Spoilers

Antes de mais nada , sou um grande fã do cineasta britânico Edgar Wright , homem responsável por filmes inventivos comandados com uma energia de adolescente , Wright é um daqueles diretores que sabe a oportunidade que tem ao fazer seus filmes , sendo assim  fiquei irritadíssimo quando fiquei sabendo que ele não iria mais dirigir O Homem Formiga , logo pensei : que desperdício de talento. Bem , mas aqui estamos nós , diante de Baby Driver , um filme original em meio à uma enxurrada de adaptações , reboots e continuações - e isso é algo bom? Claro que sim , queremos ser surpreendidos , mas com os panos quentes que coloquei no inicio do texto , é óbvio que não vou tecer apenas elogios de Baby Driver.

Baby(Ansel Elgort) é o motorista prodígio do chefão Doc(Kevin Spacey), um homem que seleciona assaltantes para os seus serviços sujos , como roubar bancos e carros fortes ,sendo que Baby é responsável por conduzir os bandidos para fora dos holofotes da policia dirigindo o mais hábil possivel ,  tudo no ritmo de sua playlist  sendo que o jovem usa música para fazer tudo , e ainda serve como tratamento para abafar o efeito colateral que teve após sofrer um acidente de carro com seus pais . Ansioso para se livrar do mundo crime , com o batida premissa de fazer um ultimo trabalho , Baby acaba se relacionando com uma garçonete local , na qual vai ter que lidar com sua vida ilícita ao mesmo tempo em que tenta manter o namoro com a moça.As coisas vão de mal a pior quando Doc o solicita para mais um assalto , e as suas ações não saem como planejado.A premissa é clichê ,e Wright sabe perfeitamente disso , como na cena em que Doc ameaça Baby , ao nem se esforçar para intimidar o rapaz , e assim ele vai se esquivando de algumas convenções para evitar que seu filme cai na mesmice , mas temos que bater palmas para Wright  que gasta boa parte do segundo ato estabelecendo a dinâmica  dos personagens  ,seja através dos figurinos , ou por meio do foreshadowing, muito bem colocado em algumas horas , e esquecido em outras , como por exemplo : por que Doc decide ajudar Baby no final do filme , sendo que baby estragou seus planos ?!Doc não hesitaria em mata-lo na primeira oportunidade de traição.Ou , um irritante deus ex machina , como no momento em que magicamente um Dodge Challenger aparece do nada , só para a trama não ficar parada.

São pequeno detalhes como esses que acabam enfraquecendo o brilho que Baby Driver oferece, e o que dizer das tais cenas de perseguição protagonizadas pelos carros ? Dá para ver que os dubles se empenharam para fazer manobras ousadas , mas que infelizmente , são filmadas de maneira confusa , em planos fechados , e cheios de cortes nervosos , dificultando o trabalho do espectador em entender a geografia das cenas. Algo triste , já evidenciado logo no inicio do filme , quando Baby da um cavalo de pau para dirigir de ré e passar entre dois caminhões, justamente no momento em que estamos prestes a ver a manobra , ele corte a cena . Fato é que a melhor perseguição do filme é uma cena a pé , em que Baby tem que fugir da policia atravessando vários obstáculos.Entretanto , não dá para reclamar tecnicamente do filme , Wright é um mestre em transições criativas , e aqui , ele ate se mantem mais contido , mas ainda nos brinda com tomadas belíssimas (a minha favorita é um simples farol se apagando), e no quesito montagem , toda a dramaturgia é muito bem conduzida , em momento algum ficamos entediados , algo primordial para torcemos para o casal principal .E ainda , todo esse desenvolvimento sendo costurado pela trilha sonora , que funciona de maneira narrativa ,ao ressaltar os sentimentos dos personagens , pena que não tenha uma música marcante , isso porque James Gunn também usou músicas desconhecidas do grande público em Guardiões da Galáxia , mas que contagiavam toda a projeção .

E falando no elenco , todo mundo foi escolhido a dedo , e a direção de atores é primorosa , ao escalar Ansel Elgort e Lily James , o diretor estabelece uma química invejável , algo extremamente necessária para que o público crie empatia por eles. Angel empresta o seu rosto jovial e desconhecido justamente por parecer um adolescente saído dos anos 50 (nunca vi um filme do rapaz ) , conduzindo toda sua atuação pelos olhos , seja em momentos de alegria , desespero e raiva. E Jamie Foxx encarna o garoto problema da equipe (um begbie mais instável)que consegue com sucesso passar uma inquietude enervante , só a sua presença já é o suficiente para causar um clima tenso em cena.

A verdade é que Baby Driver vale mais pelo o universo criado em torno dos personagens , do que pelas cenas de ação (a cena final é uma bagunça), e o final ainda deixa a desejar , já que Wright opta por caminhos diferentes de Fogo Contra Fogo e Drive , ambos, filmes ambientados no mundo crime , em que realmente , o crime não compensa.
Em Ritmo de Fuga 3.5/5 Estrelas

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