Esquadrão Suicida-Crítica

É fácil falar mal de Esquadrão Suicida , após todo o hype que foi criado em cima do filme que ousaria mostrar o personagem coringa que fora interpretado de maneira perfeita por Heath Ledger - todos estavam ansiosos para ver a nova empreitada da Warner/Dc que infelizmente não obtiveram sucesso de crítica com Batman V Superman(apesar ter obtido um saldo positivo na bilheteria), o que acabou polarizando as opiniões de fãs e público ; algo que só aumentou após o excelente trailer em que utilizava a música do Queen . Infelizmente , com medo da rejeição do público , o estúdio acabou alterando a montagem prevista pelo diretor, o que resultou em filme sem identidade que tenta absorver os elementos que fizeram sucesso em Guardiões da Galáxia e Deadpool.

Para quem já assistiu a animação Assalto a Arkham , fica mais fácil de identificar os personagens e até entender a trama , que aqui foi levemente alterada , sendo que a vilã da vez é a personagem Encantada( Cara Delivingne) que apesar do visual interessante , acaba sendo prejudicada pelo mal uso de CGI e ainda por cima  , ao fazer aquelas dancinhas sem noção . Mas, vamos a história, que mostra a tentativa de Amanda Waller de criar uma equipe composta por vilões para intervir em situações que o exército normalmente não conseguiria, o que acaba se mostrando um problema já que a própria equipe é responsável pela ameaça central que vai ser combatida, e é engraçado notar como o exército não questiona a incompetência de Waller ao escalar um time que não justifica sua criação.

Em momento algum temos noção da real habilidade de todos os integrantes do grupo , por exceção de Deadshot e El Diablo , afinal , desde quando Arlequina é boa de tiro e porrada ?!O excesso de personagens infelizmente é um problema que David Ayer não consegue driblar , tendo dificuldade até mesmo em desenvolve-los ao inserir músicas batidas que acaba soando como preguiça dos roteiristas ao querer mostrar como os personagens são fodas através de cartilhas e gráficos na tela.

Isso sem contar com os diálogos expositivos , como na irritante mania dos personagens falarem : Nós somos os vilões! Ou também: Você é muito louca. Algo que também é sabotado pelo excesso de tatuagens nos corpos do Coringa e da Arlequina. Ayer esquece que umas dá lições que aprendemos no cinema é: mostre, não fale. O machismo também é presente na tela, como na insistência de Ayer em expor Margot Robbie em roupas mínimas e nada táticas, totalmente inadequadas na situação de guerrilha urbana em que se passa o conflito. Eu sei que ver a Margot Robbie vestida de Arlequina é uma fantasia agradável , mas em tempos de Furiosa , Rey e Katniss , temos que admitir que a visão do filme é retrograda .

Os atores coadjuvante pouco podem fazer em tela , já que a preocupação dos montadores é claramente atirar o expectador no meio da ação sem nos apresentar corretamente as pessoas envolvidas .Alias ,as cenas de ação são filmadas de maneira burocrática ; sem planos aéreos , o que dificulta a compreensão da geografia dos embates que se resumem a tiroteios genéricos que não exploram as habilidades do super grupo . Ao menos Ayer aposta em um visual dark , que combina com a personalidade dos personagens (eles são vilões afinal) , que consegue apresentar um belo trabalho de fotografia ao exibir inúmeras cores mortas cobertas do filtro verde que dá um ar de coisa pútrida, que é mais do que bem-vindo.

E Jared Leto; que infelizmente tomou um direção errônea na hora de compor o Coringa, criando simplesmente um chefão do crime com ares de Tony Montana, só que menos ameaçador, e como já foi citado, o visual repleto de tatuagens que remetem as gangues de rua de Los Angeles também não funcionam sendo apenas expositivo. Porque ele não pesquisou as interpretações de Mark Hamil , que depois de Ledger , é o melhor coringa no âmbito audiovisual ?!Sua insistência em rir de maneira pausada ou de terminar as frases lentamente acabam mostrando que Leto ficou preso a atuação de Ledger , um erro bobo que poderia ter sido corrigido caso a direção de elenco tivesse dado um norte para o ator.Ao menos Viola Davis encarna Amanda Waller com perfeição , sendo uma personagem egocêntrica e confiante lembrando uma espécie de M(Judi Dench , a chefe do James Bond) na versão maligna .

O drama que serve para humanizar os personagens também não funciona, quem assistiu a animação que mencionei antes sabe que pelo fato deles estarem rodeados de pessoas de passado dúbio, o clima de tensão aumenta tendo em vista que a qualquer momento alguém pode trair o grupo, ou mesmo sabotar a missão para o bem próprio.

Esquadrão Suicida é mais um desperdício de oportunidade da DC Comics, que possui um excelente material fonte, mas que infelizmente não saber como transmiti-la nas telonas. Pelo menos, nós não nos importamos tanto com esses personagens.

Esquadrão Suicida -2.5/5 Estrelas