Damon Albarn e O Agora Agora



De novo uma banda em que sou suspeito para falar , faz tempo que sou fã dos trabalhos de Damon Albarn , desde o seu sucesso com Blur a projeto alternativos como The Good The Bad and The Queen , Albarn sempre se mostrou como um compositor dinâmico dono de uma facilidade imensa de escrever músicas ,  e mais uma vez vez fiquei surpreso quando anunciou que lançaria mais um álbum do Gorillaz (sendo que ano passado ele já havia trabalhado no Humanz) -projeto muito bem sucedido criado no final dos anos 90 aonde ele poderia extravasar o seu gosto eclético para música.


Reza a lenda que democracia não funciona em bandas , e em parte eu ate concorde com esse pensamento sendo que os melhores trabalhos de determinadas bandas são aqueles em que justamente seguiram a linha de pensamento de uma pessoa , algo que não aconteceu com Humanz , álbum que dividiu a crítica sendo atacado justamente por ser uma salada genérica de ritmos diferentes e ainda mostrando um Damon Albarn quase ausente nos vocais dando espaço para inúmeros músicos desconhecidos para o grande público . Entretanto , alguns apontaram o álbum como uma trilha sonora apocalíptica para um mundo pós Trump , em que sua força reside especificamente no arsenal de artistas convidados. Talvez , provavelmente incomodado com os comentários sobre Humanz , Albarn tenha lançado um álbum para agradar os fãs old school , ou como ele mesmo disse : ''é apenas uma desculpa para que eu possa fazer uma Tour pelo mundo''.

The Now Now talvez seja um retorno saudoso aos tempos de Demon Days , é aquele Gorillaz raiz que o povo da internet tanto gosta de falar , mas ao mesmo tempo possui algumas referencias as experimentações de Albarn em seu álbum solo Everyday Robots criando musicas atmosféricas como a curta e excelente One Percent , ou na hipnótica Idaho. E por que não um hit chiclete que faça o público pular nos shows ?! Então ficamos com Tranz , um synthpop que parece saído diretamente dos anos 80 , lembra ate Joy Division ou um New Order . E para fechar com chave de ouro , que tal Souk Eye ? Outra música que parece uma b-side de Everyday Robots , mas que ganha corpo conforme vai progredindo e rapidamente conquista o ouvinte .

Mesmo resgatando alguns sons dos trabalhos anteriores , Albarn consegue compor um disco conciso em que ao mesmo tempo em que mira para o futuro , não esquece o passado para não cair na armadilha de ser refém dos fãs , algo que já prejudicou muitos músicos que preferem se fechar e não expandir seu estilo musical.

Um álbum humilde que traz um Damon Albarn mais otimista em tempos de ódio e discriminação , é aquele trabalho que alegra o dia e que nos faz viajar por lugares distantes sem que usemos drogas psicotrópicas .



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