The Last Of Us Parte 2 - Crítica



Cuidado , spoilers.


Admito que com o passar do tempo eu perdi o interesse por videogame , não sei dizer ao certo se isso se deve ao fato de estarmos vivendo tempos pessimistas que nos assombram, ou se a indústria atingiu um patamar homogêneo aonde a maioria dos jogos AAA apostam no gênero de mundo aberto. Isso porque nem o último jogo da Naughty Dog me entusiasmou ,ao contrário , quanto mais eu reflito sobre Uncharted 4 menos eu gosto do jogo.Foi assim que me senti antes de jogar The Last Of Us 2 , que na minha mente não superaria o jogo anterior , mas o grande adjetivo dessa continuação é manter o alto padrão de narrativa e linguagem fazendo com que nos importemos com o destino dos personagens.

Um dos vários méritos de TLOU2 é justamente ser uma sequência lógica dos eventos do primeiro jogo , e sinceramente , ainda não entendi a raiva e indignação da comunidade gamer com o trágico fim de Joel .Aliás , Neil Druckmann e Halley Gross conseguem repetir o feito de escreverem uma entrada dramática para o jogo dando um choque no jogador ao nos fazer presenciar a cruel morte de Joel - justamente o personagem com quem nos afeiçoamos no episódio anterior, uma excelente sacada por parte da equipe de marketing ao esconder isso nos trailers , eu realmente pensei que Dina seria a vitima que iria desencadear a vingança de Ellie. E é assim que começamos a história,  4 anos após os eventos de TLOU1 acompanhamos Ellie em paz na pequena comunidade de Jackson , ao sair para uma ronda de inspeção , ela Joel e Tommy se deparam justamente com um grupo remanescente dos Vagalumes , o WLF , aonde conhecemos Abby , filha de um dos médicos que iriam operar Ellie . Após ser poupada pelo grupo , Ellie embarca em uma rampage de vingança contra Abby , mais uma vez enfrentando obstáculos , inimigos e infectados.

Se na maioria de jogos protagonizados por personagens femininas , essas são sexualizadas ao máximo , tendo em vista que o público gamer em sua grande maioria é dominado por homens , TLOU2 faz um trabalho admirável ao desconstruir a figura da mulher , Ellie talvez seja a primeira personagem gay controlável da indústria (não consigo me lembrar de outro jogo), e Abby vai na linha de Sarah Connor : musculosa , de cabelo amarrado , com discretos pelos na axila , bem longe de uma Lara Croft ou Jill Valentine. Da para perceber o compromisso dela em vingar o falecido pai morto de maneira covarde.Vingança alias é um dos grandes motes de TLOU2 , vingança e amor , já que todos os personagens são colocados em conflito pelo nível de relacionamento de cada um ,aqui representados por locações , o aquário por exemplo representa Abby e Owen , e o teatro Ellie e Dina , interessante perceber como o aquário inicialmente é apresentado como um lugar cheio de vida , próspero(é o ápice do namoro de Abby e Owen) , já quando os dois não estão bem , o aquário está coberto de gelo , uma interessante escolha de linguagem dos realizadores.

O gameplay agora esta muito bem polido , são inúmeras as animações de morte e personagens reagindo aos cenários , e se em jogos de terror , a violência fica restrita aos monstros e zumbis , em TLOU2 cada tiro tem um estrago diferente nos NPCs , seja humano ou infectado , são membros decepados e cabeças explodidas com um nível de detalhes assustador. As mecânicas permitem que o jogador crie seu próprio estilo de jogo , seja ele agressivo ou mais discreto

Contando com cenários mais amplos que flertam com um mundo aberto tirando a sensação de jogo linear , TLOU2 mantém a caprichada direção de arte com ambientes ricos em detalhes e histórias que foram deixadas para trás , da para sentir que pessoas viveram ali .Claro que tudo isso já havia sido feito no jogo anterior , mas aqui é ampliado graças ao hardware do PS4.

Mantendo um ritmo excelente no segmento de Ellie , é impressionante como as horas vão passando e e o jogador não tem vontade de parar de acompanhar a história , ritmo que infelizmente perde força no capitulo de Abby, logo a personagem que a principio seria vilã,  é humanizada e logo percebemos os motivos dela , fazendo ate eu querer torcer por ela e questionar os atos de Ellie. Mas os roteiristas acabam esticando demais a trama ,tornando o jogo um pouco longo , principalmente no momento em que encontramos Lev e Yara (teve hora em que eu realmente queria acabar com o jogo de uma vez).

TLOU 2 contem vários questionamentos que vão irritar jogadores conservadores , e que talvez seja esse o motivo de tanta divisão , uma pena , estarão deixando de apreciar uma obra provocadora que não poupa o jogador de momentos tensos , frustantes e que refletem no peso de cada ação tomada , tudo tem uma consequência e é esse o estigma que Ellie e Abby irão carregar para o resto de suas vidas .
The Last Of Us Part 2
(5/5 estrelas)










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