Reza a Lenda - Crítica


Admito que um dia já tive preconceito com o cinema brasileiro , isso , porque só conhecia os filmes que chegavam no grande circuito , comédias estrelando gordos que acham que gritar é um forma de humor , ou os famigerados filmes da Xuxa , porem , qualquer um que frequente festivais de cinema sabe que o Brasil tem um dos cinemas mais ricos do mundo , falo isso em relação a quantidade de bons filmes que são lançados e que infelizmente não chegam ao grande mercado ficando restritos à esses festivais . Mas um coisa é fato , temos poucos filmes de ação , isso porque é um gênero caro e complexo , não é todo mundo que consegue dirigir cenas de ação , exigem-se meses de preparação e ensaios , e quando vi o trailer de Reza A Lenda , fiquei no mínimo curioso em conferir a película , claro que a primeira vista me incomodei com o visual parecido com Mad Max , mas todo filme merece nossa atenção.

A história é ambientada em uma terra dominada pela seca, a gangue liderada por Ara(Cauã Reymond) realiza um roubo suicida ao pegarem um santa que era usada como fonte renda do vilão Tenório , o que acaba despertando sua ira , sendo que ele será capaz de usar todas as suas forças para recuperar o imagem e ainda matar a gangue que lhe causou prejuízo. No meio dessa perseguição , a jovem Laura(Luisa Arraes) é resgata de um acidente e acaba virando refém de Ara , que será utilizada como oferenda para um tribo local que tem o poder de trazer a chuva de volta para o sertão , mas no meio do processo os dois acabam se envolvendo. A premissa é no mínimo interessante , mas pena que todo o potencial é desperdiçado devido as escolhas do diretor novato , ao começar pela falta de lógica do universo construido , todo o design de produção do filme da a entender que estamos em um mundo devastado por algum evento cataclísmico , mas não , Reza A Lenda se passa no nosso mundo , ok ,vamos fingir que existe a tal gangue de motoqueiros em um ambiente que não tem um posto de gasolina à quilômetros. Todos esses furos são ignorados pelo belo uso de locações , aonde o diretor usa e abusa das planícies nordestinas aproveitando os cenários desérticos para fazer homenagens e referencias a Era Uma Vez no Oeste , que infelizmente só servem para inchar o filme com momentos videoclipes ao exibir a gangue de Ara dando um rolé pelo sertão , sequências que não possuem propósito narrativo nenhum , isso sem com contar com as deslocadas elipses que permeiam todo o filme.Porem o roteiro tem seus adjetivos , logo no inicio vemos os capangas de Tenório se aproveitando da fé alheia para lucrarem dinheiro ao cobrarem os fiéis para que possam apenas ver a imagem da santa , um critica corajosa em tempos que pastores usam de todos os métodos para arrancarem dinheiro das pessoas .

Mas talvez o maior pecado do filme seja tratar as mulheres como mero objetos sexuais ao expor a atriz Luisa Arraes apenas para que Ara sinta se atraído pela nudez da moça , não me entendam mal , não tenho nada contra nudez nos filmes , desde que isso tenha um sentido narrativo , e o que falar de Sophie Charlotte que não faz nada no filme , e que nem é utilizada como conflito na historia , já que os roteiristas poderiam ter criado um triangulo amoroso , algo que deixaria a trama mais interessante .As cenas de ação são outro defeito do filme , que além de serem mal executadas , são repletas de cortes nervosos , dificultando a geografia do cena , isso sem contar que são poucas cenas , que são jogadas no meio do enredo sem função nenhuma , começam e terminam sem aviso nenhum , uma total falta de cuidado do diretor e do montador que apostam em flashbacks para desenvolverem seus personagens .

A trilha sonora não faz sentido algum ao apostar em diferentes gêneros que vão desde a New Metal , Hip Hop , a musica eletrônica criando um aspecto futurístico que não combina com a narrativa adotada pelo filme. Pelo menos o design de som é competente , é prazeroso ouvir o barulho dos tiros ecoarem pela imensidão do deserto.O elenco tem seus pequenos destaques , mas o texto é tão pobre que os atores ficam reféns de suas poucas falas , Cauã Reymond nunca foi um bom ator , e aqui ele surge apenas burocrático , e a já citada Luisa Arraes apenas faz cara de assustada durante toda a projeção. Humberto Martins ate consegue criar antipatia em seu vilão ,particularmente gosto do jeito que o nome dele é revelado no filme , mas sua presença é apenas mediana , não chega a ser uma figura temerosa .  

Infelizmente Reza A Lenda erra mais do que acerta  resultando em um saldo negativo , mas tomara que isso não deixe futuros diretores desestimulados em dirigem filmes de ação , o Brasil precisa de mais filmes do gênero.



 Reza A Lenda 2/5 estrelas

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